PEDAGOGIAS DA CULTURA: AS LEITURAS DE MUNDO, DE PAULO FREIRE
Já noticiei que em
março o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação lançam em
conjunto o edital “Mais Cultura nas Escolas”, incentivando projetos
culturais a interagirem com a educação pública de ensino fundamental e
médio. A iniciativa reforça a importância do que chamo de “Pedagogias
Criativas” ou “Pedagogias da Cultura”. Exemplifico pinçando hoje uma
dessas pedagogias: a ideia das LEITURAS DE MUNDO de Paulo Freire.
Para Paulo Freire, educação tem a ver com a compreensão crítica da
leitura, alongando-se na inteligência sobre o mundo. Essa busca, ele
chamou “Leitura do Mundo”, uma percepção-cognição baseada nas relações
entre texto e contexto. O educador ressalta que a educação tradicional,
ao não reconhecer os saberes e repertórios culturais das pessoas, deixa
de construir esses caminhos de troca e ampliação de conhecimentos. Ele
disse: “alfabetização implica reconhecer o ponto de partida da leitura
de mundo, implica pensar em que níveis a leitura de mundo está se dando
ou quais são os níveis de saber que a leitura de mundo revela”.
Indo além: imaginemos quantas leituras de mundo podem ser feitas com as
crianças e adultos trabalhando fotografia, vídeo-reportagens, leituras
teatrais do cotidiano ou da televisão, etc. Muitas vezes, porque
simplesmente deixamos fluir a leitura. Roland Barthes lembrou que lemos
textos, gestos, cidades, situações, imagens, sons. Enfim, há uma
liberdade infinita de composições e associações nas leituras, que podem
ser estimuladas e ajudadas pelo trabalho com as linguagens artísticas.
Para isso, as escolas precisam estimular a leitura criativa. E os
projetos culturais precisam pensar em termos de desenvolvimento
pedagógico de seus processos junto às crianças.
Deixo sugestões de leitura sobre Leituras de Mundo:
- “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire. Cortez Editora, São Paulo, 2006.
- “Pedagogia dos sonhos possíveis”, de Paulo Freire. Editora Unesp, São Paulo, 2001.
- “Da leitura”, in “O rumor da língua”, de Roland Barthes. Editora Brasiliense, São Paulo, 1988.
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